No dia 26 de Setembro, às 22 horas. Houve o show do cantor Marcelo Veronez, um dos mais bem vistos cantores de Minas Gerais. Neste show ele junto à sua banda (Daniel Cosso, Mou Freitas, Andreza Coutinho e Negão Scarpelli), no qual foi feito uma homenagem ao Roberto Carlos, cantando diversas musicas do repertorio do rei. Mas, sem esquecer a sua identidade, o cantor Veronez, ousou de contemporaneidade e mostrou que domina as técnicas e entende muito do universo musical e suas variáveis.
Mas para esse show preferi não interagir, como de costume, incorporando-me à plateia que estava fervorosa e participativa. Usei-me de uma ideia de Brecht, que diz: “Distanciamento [...]. Trata-se de uma técnica de representação que permite retratar acontecimentos humanos e sociais.” (BRECHT, 1967, p.148), distanciado (em um ponto estratégico), e com um olhar crítico sobre o show, pude analisar melhor a parte técnica e métodos utilizados durante o espetáculo, junto com o envolvimento sociológico plateia/músicos. Onde, pude notar que há algumas negações a respeito de pensamentos de Stanislavski e principalmente de Brecht (lógico que levando em considerações que esses autores direcionavam seus estudos para a arte cênica/teatro). Mas, há também pensamentos, destes autores, coerentes ao show “Marcelo canta Roberto”, principalmente no que diz respeito à competência técnicas das pessoas envolvida no trabalho. Marcelo e sua banda exalavam competência, mostrando que sabem e usam de forma consciente os seus estudos, como diz Stanislavski: “[...] Não era eu que controlava os métodos: mas eles que me dominavam” (STANISLAVSKI, 1976, p.31), métodos bem usados, dando naturalidade no palco, harmonizando o show e deixando agradável a apreciação.
A dedicação que os envolvidos tiveram para o espetáculo era publico e notório, via-se que o amor pela musica popular brasileira estava cravado em cada um dos componentes, que havia uma transcendência de diversos sentimentos. Uso-me novamente de uma fala de Stanislavski: “Sentimento! Isto é o mais importante!” (Stanislavski, 1976, p.259), sentimento, que era visível ao olho nu, que levava a plateia ao gozo naquelas poucas horas de show. Complementando com o pensamento de Brecht, onde ele diz: “Para sanear a emoção, era necessário que ela fosse subordinada à razão.”(BRECHT, 1967, P.14), pois uma emoção respirável, e subordinada à razão, era o sentimento empírico da plateia. E neste momento tenho que questionar Brecht, quando ele comenta: “Porque o publico geralmente pendura o cérebro na porta de entrada, junto com o casaco.” (BRECHT, 1967, p. 44), pois, nesse show em especifico, via-se que naquele local encontrava-se um público seleto, sabiam o que estavam fazendo ali, embora não tivessem um conhecimento aprofundado no estudo da musica, eles sabem que, ali encontrava uma raridade musical pós- moderna. Um público que não era condicionado à cultura enlatada. Que andava com o cérebro no lugar certo, e usava-o de maneira inteligente.
Por fim, acho que não há melhor maneira para ilustrar e concluir este relatório, do que o pensamento de Stanislavski: “A essência da arte não está nas suas formas exteriores, mas no seu conteúdo espiritual.” (STANISLAVSKI, 1976, p. 45), pois, o tempo todo, essa essência era traduzida e repassada de maneira recíproca para a plateia. Havia uma dedicação religiosa (no sentido de fidelidade e credo) para a elaboração deste belíssimo espetáculo musical.
Bibliografia:
BRECHT, Bertolt. Teatro Dialético. Tradução Luis Carlos Maciel. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1967.
STANISLAVSKI, Constantin. A Preparação do Ator. Tradução: Pontes de Paula Lima. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1976.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
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