sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Preparação do Ator (Um ensaio sobre Stanislavski).

É de comum acordo para envolvidos na arte cênica a importância de uma boa preparação técnica de um ator para a execução e representação de um personagem. Sem essas distintas técnicas o ator fica vulnerável a erros primários, e que não cabe ao universo cênico, erros, estes, que comprometerão o caminho bem sucedido do espetáculo. É base para o ator esforçado um bom domínio de várias técnicas, como; expressão vocal, conscientização corporal, ritmo, conhecimentos da cultura geral, entre outros, pré requisitos mínimo para que eles saibam o que estão fazendo quando estão na boca de cena. Sem estas preparações o risco do “vexame” é alto.

Mas para visão de leigos no assunto a história é investida, poucas pessoas têm a noção e desconhecimento do assusto. Estas acham que é simplesmente subir no palco e decorar algumas palavras.

Stanislavski, de maneira de fácil compreensão, deixa claro que não é bem assim, a técnica existe e deve ser exercida de maneira natural e cotidiana, e que o ator deve utilizá-la para beneficio próprio e coletivo. Ele deixa isso claro logo nos primeiros capítulos do livro “A preparação do ator” quando retrata que: “Tornar todos esses processos internos e adaptá-los à vida espiritual e física da pessoa que estamos representando é o que se chama viver o papel” (STANISLAVSKI, A Preparação do Ator, p. 43). O que ele chama de processo é todo trabalho realizado em conjunto e individualmente anteriormente em incansáveis dias de preparação cênica. E que o ator deve absorver todo o trabalho de forma física e espiritual, criando uma “memória muscular” para ser utilizada ali e sempre. Processo, que demanda bom condicionamento físico e tempo. O ator deve estar atento ao seu corpo, objeto de trabalho e estudo, identificando nele o que pode ser de bom uso ou descartado. Um bom domínio da técnica cênica tende sempre ir para a naturalidade na representação.

Um ator deve estar sempre atento, não somente ao seu corpo, mas também ao seu universo (leia-se universo como tudo que esta em torno de si. Coisas que o agrade ou não). De olhos sempre abertos ao cotidiano para que possa captar o que for útil ao seu personagem e/ou espetáculo, e aprimorar, lapidar, para que possa fazer bom uso das informações captadas em seu laboratório diário. Aprender com o que se esta ao redor é primordial, mas tomando cuidado para não tentar copiar o que não é copiavel. É impossível, para qualquer ator, mesmo os classificados como referencia pelo seu excelente trabalho, a representação perfeita, seja ela de um animal, tipos populares ou elementos da natureza, o que se chaga é a visão agradável da representação de um ator preparado. Isso é explícito na fala de Stanislavscki, quando ele diz: “[...] nenhuma técnica artificial, teatral, pode sequer comparar-se às maravilhas que a natureza produz.” (STANISLAVSKI, A Preparação do Ator, p. 45).

Após um bom tempo dedicado ao estudo da arte cênica, e toda a sua variável, o ator passa a dominar diversos métodos que o auxiliarão para uma boa representação. Estas técnicas têm quem estar muito bem internizadas, naturalmente implantadas, dentro dele. Mas com um cuidado de não se torna artificial, mecânico, enlatado. Deixa-se ser “levado”, como um rio que segue naturalmente o seu percurso, o ator tem que deixar que os seus métodos estudados o mais natural e imperceptível possível. “[...] Não era eu quem controlava os meus métodos: eles é que me dominavam.” (STANISLAVSKI, A Preparação do Ator, p. 31), só assim, quando os métodos que dominam, não o contrario, é que o ator torna-se preparado para a representação de um papel.

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